24.3.13

1 Tema, 3 Filmes (5)

A Velhice

Make Way for Tomorrow (1937)
Abram Alas para o Futuro, Leo McCarey

Tokyo Story (Tôkyô Monogatari) (1953)
Viagem a Tóquio, Yasujirô Ozu

Amour (2012)
Amor, Michael Haneke

por Jorge Teixeira e Pedro Teixeira

21.3.13

Citações (7)

The Shining (1980), Stanley Kubrick


Jack TorranceLittle pigs, little pigs, let me come in. Not by the hair of your chiny-chin-chin? Well then I'll huff and I'll puff, and I'll blow your house in.

19.3.13

My Neighbor Totoro (1988)

O Meu Vizinho Totoro (Tonari no Totoro), Hayao Miyazaki


Miyazaki tem-nos brindado, ao longo das últimas décadas, com autênticas obras-primas da animação, género que se situa um pouco à parte dos restantes, mas que é tão unificador e tão poderoso como qualquer um dos outros. Verdadeiros exemplos disso mesmo são os filmes do mestre japonês, que, à falta de melhores palavras, emanam um carisma e uma frescura por demais cativantes. O Meu Vizinho Totoro é um desses casos, porventura um dos mais caracterizados e singulares, e por isso, de um valor inestimável.

A história é simples, o enredo é infantil, mas conduzido com uma pureza e imprevisibilidade simultaneamente aguçantes e apetecíveis. Ás tantas porque nos vemos transportados inevitável e entusiasticamente para um mundo de fantasmas e de seres improváveis, fruto da imaginação das crianças protagonistas da trama, as quais inseridas num novo espaço e terreno se vêm a explorá-lo e a captá-lo sob um prisma só delas, e só alcançado por uma ingenuidade e capacidade embrionárias. Esta liberdade sem limites e sem barreiras da infância (fase privilegiada), leva à aventura e ao desbravamento de impossibilidades, de caminhos onde valores são apreendidos e são interiorizados, mais que não seja, pelo erro e pela frustração. Totoro é o ser material e imaterial de todo este imaginário de mistério e descoberta, e o pai (a família) em casa, no lar, é a consciência, é a responsabilidade do passado e do futuro enquanto projecções pessoais e profissionais. É também ainda o equilíbrio, a estabilidade necessária para a deposição e mastigação das aventuras exteriores.

Facilmente se depreenderá que as mensagens são muitas, são aliás uma marca do cineasta, que através delas transmite e analisa as fases e diversas vertentes do ser-humano, tão complexo e fascinante, ou no fundo, tão humano que simplesmente é. Nas linguagens, Miyazaki assume o desenho à mão, em belíssimos e fantásticos retratos, seja a explorá-los, seja a contemplá-los. Neste caso, mais na contemplação, visto estarmos perante um filme distinguível na sua carreira, tratando-se, sobretudo, de um exercício narrativo e imaginário, que propriamente visual e estilístico. No fim, constatamos de que assistimos a um filme verdadeiramente belo e único.


Jorge Teixeira
classificação: 9/10

17.3.13

Os 10 Melhores Filmes de 2012


10. Life of Pi (2012)
A Vida de Pi, Ang Lee

9. Holy Motors (2012)
Leos Carax

8. Lo Impossible (2012)
O Impossível, Juan Antonio Bayona

7. Anna Karenina (2012)
Joe Wright

6. Zero Dark Thirty (2012)
00:30 A Hora Negra, Kathryn Bigelow

5. The Master (2012)
The Master - O Mentor, Paul Thomas Anderson

4. Tabu (2012)
Miguel Gomes

3. Amour (2012)
Amor, Michael Haneke

2. Moonrise Kingdom (2012)
Wes Anderson

1. Django Unchained (2012)
Django Libertado, Quentin Tarantino

por Jorge Teixeira e Pedro Teixeira

15.3.13

Cenas (2)

Amadeus (1984), Milos Forman


Num filme em que as sensações e o fio condutor da narrativa se alinham e se baseiam na música, sob o astro intemporal de Wolfgang Amadeus Mozart, é perfeitamente compreensível que se atinjam momentos como este aqui destacado. Momentos estes que revelam todo o poderio emocional que está por detrás de composições musicais, ou de uma vida recheada por esta actividade (tão nobre e tão antiga), ou ainda simplesmente por detrás de uma paixão e de uma vocação a todos os níveis extraordinárias.

Relativamente à cena, trata-se de um exemplo entre muitos durante o filme, onde é bem visível a concentração de Frederick Murray Abraham (como Salieri, numa arrebatadora interpretação) em nos fazer passar, e acreditar, na beleza e na rara qualidade de uma melodia ou de um trecho musical idealizado por Mozart, numa exímia capacidade em alcançar patamares do outro mundo. Quase divinos, diria. Tendo a desconstrução e a gradação instrumental como base, a cena fala por si, não necessitando de grandes adornos linguísticos de modo a se compreender o fascínio e a admiração oculta que Salieri detinha por Mozart, sendo ele um colega de profissão ou, no fim de contas, um rival à época. A forma como nos surpreende e nos prende a atenção (tal como fixa a câmera e prende a respiração) é a prova cabal do sucesso desta curta cena, e porque não, do sucesso do filme. É, portanto, para ver e rever.

14.3.13

Cinema Bloggers Awards 2013: Vencedores



Já se conhecem os vencedores desta 1ª Edição dos Cinema Bloggers Awards, que, vale relembrar, distingue os melhores filmes que estrearam em Portugal durante o ano de 2012 em várias categorias, segundo o voto de diversos jurados (dos quais faço parte). Para mais informações ir aqui. Após os resultados e a cerimónia, resta então congratular, mais uma vez, o projecto e o seu autor, bem como desejar vida longa aos prémios, e, sem mais demoras, seguem então todos os premiados devidamente destacados na lista abaixo.

Melhor Filme
Hugo (A Invenção de Hugo)
Amour (Amor)
Argo
Moonrise Kingdom
The Artist (O Artista)

Melhor Filme Português
Florbela
Linhas de Wellington
Operação Outono
O Gebo e a Sombra
Tabu

Melhor Realizador(a)
Ben Affleck – Argo
Martin Scorsese – Hugo (A Invenção de Hugo)
Michael Haneke – Amour (Amor)
Michel Hazanavicius – The Artist (O Artista)
Wes Anderson – Moonrise Kingdom

Melhor Argumento
Life of Pi (A Vida de Pi)
Amour (Amor)
Argo
Moonrise Kingdom
The Artist (O Artista)

Melhor Filme de Animação
Brave (Brave – Indomável)
Wreck-It Ralph (Força Ralph)
Frankenweenie
The Pirates! Band of Misfits (Os Piratas!)
ParaNorman

Melhor Actor
Denis Lavant – Holy Motors
Jean-Louis Trintignant – Amour (Amor)
Jean Dujardin – The Artist (O Artista)
Michael Fassbender – Shame (Vergonha)
Michael Shannon – Take Shelter (Procurem Abrigo)

Melhor Actriz
Emmanuelle Riva – Amour (Amor)
Glenn Close – Albert Nobbs
Meryl Streep – The Iron Lady (A Dama de Ferro)
Rooney Mara – The Girl with the Dragon Tattoo (Os Homens que Odeiam as Mulheres)
Tilda Swinton – We Need to Talk About Kevin (Temos de falar sobre Kevin)

Melhor Actor Secundário
Alan Arkin – Argo
Ezra Miller – We Need to Talk About Kevin (Temos de falar sobre Kevin)
Javier Bardem - Skyfall (007 – Skyfall)
Jonah Hill – Moneyball (Moneyball - Jogada de Risco)
Nick Nolte – Warrior (Warrior - Combate entre Irmãos)

Melhor Actriz Secundária
Anne Hathaway – The Dark Knight Rises (O Cavaleiro das Trevas Renasce)
Bérénice Bejo – The Artist (O Artista)
Carey Mulligan – Shame (Vergonha)
Judi Dench - Skyfall (007 – Skyfall)
Nicole Kidman – The Paperboy (The Paperboy - Um Rapaz do Sul)

Melhor Guarda-Roupa
Hugo (A Invenção de Hugo)
Anna Karenina
Cloud Atlas
The Artist (O Artista)
The Hobbit: An Unexpected Journey (O Hobbit: Uma Viagem Inesperada)

Melhor Caracterização
The Iron Lady (A Dama de Ferro)
Anna Karenina
Cloud Atlas
Holy Motors
The Hobbit: An Unexpected Journey (O Hobbit: Uma Viagem Inesperada)

Melhor Direcção Artística
Hugo (A Invenção de Hugo)
Life of Pi (A Vida de Pi)
Anna Karenina
The Artist (O Artista)
The Hobbit: An Unexpected Journey (O Hobbit: Uma Viagem Inesperada)

Melhor Banda-Sonora
Skyfall (007 – Skyfall)
Hugo (A Invenção de Hugo)
Life of Pi (A Vida de Pi)
Moonrise Kingdom
The Artist (O Artista)

Melhores Efeitos Sonoros
Hugo (A Invenção de Hugo)
The Dark Knight Rises (O Cavaleiro das Trevas Renasce)
The Hobbit: An Unexpected Journey (O Hobbit: Uma Viagem Inesperada)
The Avengers (Os Vingadores)
Prometheus

Melhores Efeitos Especiais
Life of Pi (A Vida de Pi)
The Dark Knight Rises (O Cavaleiro das Trevas Renasce)
The Hobbit: An Unexpected Journey (O Hobbit: Uma Viagem Inesperada)
The Avengers (Os Vingadores)
Prometheus

Melhor Montagem
Hugo (A Invenção de Hugo)
Life of Pi (A Vida de Pi)
Argo
The Girl with the Dragon Tattoo (Os Homens que Odeiam as Mulheres)
Moonrise Kingdom

Melhor Fotografia
Skyfall (007 – Skyfall)
Hugo (A Invenção de Hugo)
Life of Pi (A Vida de Pi)
Anna Karenina
A Torinói Ló (O Cavalo de Turim)

Melhor Curta Portuguesa
A Bruxa de Arroios
Fotograma 23
Kali, O Pequeno Vampiro
Posfácio nas Confecções Canhão
Rafa

8.3.13

Bandas Sonoras (4)

Alexander (2004), Oliver Stone


Que melhor banda sonora para enaltecer os feitos e as conquistas de um dos maiores e mais célebres conquistadores mundiais de sempre, que esta de Vangelis? O compositor, para não variar, cria o som adequado e a música perfeita para o crescimento e estabelecimento de uma lenda. É extraordinário a forma como alguns momentos tornam-se eternos, ou atingem o êxtase de emoção. Muito se deve (por vezes se não totalmente) à banda sonora, às faixas que vão acompanhando e suportando a história e as debilidades do argumento, que na verdade não se equipara à excelência do departamento sonoro.

De entre as diversas faixas, esta Across the Mountains é, porventura, das melhores, ou pelo menos das mais emocionantes e identificativas da jornada planeada e traçada por Alexandre, o Grande - Rei da Macedónia. Uma verdadeira ode à aventura e ao desbravamento de novos territórios.

5.3.13

Spirited Away (2001)

A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no kamikakushi), Hayao Miyazaki


Como em qualquer filme ou trabalho fabricados por Miyazaki, estamos na presença de uma profundidade e de uma complexidade artísticas de enorme valor. Esta Viagem de Chihiro, no seu título português, aborda novamente todas as marcas do autor, contemplando, mais uma vez, todo um universo fantástico, rico em personagens e simbologia.

O filme conta a história de uma rapariga de 10 anos de idade que, vagueando, se envolve num mundo onde imperam estranhas criaturas e paisagens invulgares, segundo regras exteriores a qualquer lógica (alusão clara a Alice no País das Maravilhas). Um universo desconhecido, mas, à sua maneira, extremamente belo e cativante, que, acima de tudo, merecerá, por parte da protagonista e de nós, uma entrega total.

A viagem de Chihiro revela, assim, em jeito de jornada imaginária, uma busca pela identidade, pelo passado, na aventura e descoberta de valores (esquecidos) e de um mundo totalmente novo, onde às tantas damos conta de uma evolução e transformação a cargo de Chihiro, mas também de nós próprios, espectadores. A recompensa ao longo do filme e no seu término é, portanto, gigantesca e tremendamente benéfica. Para efeitos didácticos e educativos são imensas as referências a princípios e a posturas dentro da sociedade (pelo meio, por exemplo, o facto de nem sequer o ouro corromper Chihiro).

Uma viagem mais pessoal e menos épica do que outras obras do realizador, que, no seu curso, ainda nos vai retribuindo visualmente em deliciosos retratos e ambientes, e narrativamente em abundantes e intrincadas metáforas, ora nos seres transfigurados e mistificados sobre duras realidades, ora nas problemáticas e preocupações ambientais (mensagens recorrentes em Miyazaki). As próprias personagens, de tão bizarras e de tão mágicas que são, sugerem sempre mais que a mera aparência, transparecendo, invariavelmente, uma natureza implícita e, portanto, o humanismo que daí advém.

Na concepção, o realizador e toda a sua equipa, executam inúmeros frames desenhados à mão, de uma riqueza e esplendor extasiantes. O nível de detalhe em cada plano e em cada cena é impressionante, a tal ponto que basta a sua visualização e desfruto sem falas para ficarmos habilmente concentrados. Facto que permite não só o silêncio e a contemplação, mas também a respiração e posterior reflexão intrínseca.

Espécie de confluência de trabalhos anteriores, Miyazaki cria com este filme talvez a sua obra mais perfeita, mais una em todos os sentidos, reciclando conceitos e elementos já por si explorados. Possui o encantamento do mistério e da aventura de My Neighbor Totoro, a mensagem ecológica de Princess Mononoke, o universo paralelo, complexo e desconhecido de Castle in the Sky ou de Nausicaä of the Valley of the Wind, entre outros conceitos e referências que espelham bem esta sua tentativa de aperfeiçoamento. Revela, acima de tudo, o gosto e a dedicação pela criação de uma história e de uma visão, concretizadas na excelente alternativa que a animação a duas dimensões oferece.

Spirited Away é senão uma espécie de conto de fadas moderno, onde se aprende a enfrentar e a ultrapassar medos e limitações. O filme aborda, deste modo, diversos assuntos e sobre diversas vertentes, tornando-se, então, algo de extremo recurso e ao qual não se fica indiferente, seja pela sua complexidade, seja pelo fascínio visual que transmite. No início do filme, e no atravessar do túnel, no limiar entre o real e o imaginário, ou entre o comodismo e a (auto)descoberta, reside a verdadeira essência da película – o crescimento, sobretudo na infância, e o enriquecimento pessoal que está à espreita sempre ao virar de cada esquina. A eterna aprendizagem e os sentimentos ocultos que só alcançamos se tentarmos, se tivermos a audácia de caminhar.

Texto originalmente publicado na iniciativa 'O Cinema dos Anos 2000' do blogue Keyser Soze's Place


Jorge Teixeira
classificação: 9/10

4.3.13

O Cinema dos Anos 2000



Arrancou há dias uma interessante e promissora iniciativa focada no melhor dos anos 2000, e no que daí se poderá extrair, em termos de filmes, como imprescindível para a compreensão e evolução da sétima arte. Dá pelo nome de O Cinema dos Anos 2000.

O projecto e a ideia nasceu de Samuel Andrade, autor do blogue Keyser Soze's Place, local onde irá decorrer, ao longo dos próximos meses, tamanha iniciativa, e que terá na prática o objectivo de expôr e analisar mais de 200 filmes que marcaram a década transacta. Tarefa enorme, portanto, e que contará com a ajuda e o contributo de diversos convidados. Um deles serei eu, pelo que apelo a que sigam a iniciativa e as publicações regulares aqui. Os textos da minha autoria, na forma de contribuição, também irão ser publicados aqui no blogue, posteriormente.

1.3.13

1 Tema, 3 Coordenadas, 1 Posição: Conclusão


Após dezenas de selecções e participações por parte de convidados especiais, e de um interessante e regular debate complementar, conclui-se assim esta iniciativa 1 Tema, 3 Coordenadas, 1 Posição. O balanço é claramente positivo, seja pela aprendizagem e maior conhecimento apreendidos sobre o tema (a Amizade) na sétima arte, seja pela lista de filmes alcançados e altamente recomendáveis, ou ainda por uma selecção interessante de realizadores que exploraram e exploram a Amizade com as suas obras.

Eis os tops 10 dos filmes e dos realizadores mais referenciados:

Filmes:
Stand by Me (1986) - 11
E.T. the Extra-Terrestrial (1982) - 9
Thelma & Louise (1991) - 7
Intouchables (2011) - 5
The Shawshank Redemption (1994) - 5
Nuovo Cinema Paradiso (1988) - 3
Rio Bravo (1959) - 3
The Breakfast Club (1985) - 3
The Lord of the Rings: The Return of the King (2003) - 3
The Wizard of Oz (1939) - 3

Realizadores:
Steven Spielberg - 9
Hayao Miyazaki - 4
Rob Reiner - 4
Howard Hawks - 3
Tim Burton - 3
Clint Eastwood - 2
François Truffaut - 2
Frank Capra - 2
Jacques Tati - 2
John Lasseter - 2

Para conferir as listas completas de todos os filmes e realizadores referenciados ir aqui e aqui, respectivamente (listas no site IMDb - por ordem de referência, e posteriormente, alfabética). De referir ainda que as escolhas dos autores deste blogue não entraram para as ditas listas. De seguida, seguem todas as imagens ou banners da iniciativa com a respectiva legenda do filme. Obrigado, mais uma vez, a todos os convidados, participantes, leitores e comentadores, e até uma próxima edição da iniciativa.

Gone with the Wind (1939)
The Shawshank Redemption (1994)
Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969)
E.T. the Extra-Terrestrial (1982)
The Lord of the Rings (2001-2003)
Forrest Gump (1994)
Toy Story (1995)
The Wizard of Oz (1939)
Shane (1953)
Jules et Jim (1962) 
Dersu Uzala (1975)
Mary and Max (2009)
The Deer Hunter (1978)
Let the Right One In (Låt den rätte komma in) (2008)
Mystic River (2003)
Stand by Me (1986)
Ice Age (2002)
Rio Bravo (1959)
Once Upon a Time in America (1984)
The Lion King (1994)
The Man Who Shot Liberty Valance (1962)
Easy Rider (1969)
Léon (1994)
Ben-Hur (1959)
Good Will Hunting (1997)
Intouchables (2011)