30.9.12

5 Grandes Filmes de Terror (1)


Das Cabinet des Dr. Caligari (1920)
O Gabinete do Dr. Caligari, Robert Wiene

The Haunting (1963)
A Casa Maldita, Robert Wise

Carrie (1976)
Brian De Palma

The Fog (1980)
O Nevoeiro, John Carpenter

El Orfanato (2007)
O Orfanato, Juan Antonio Bayona

por Jorge Teixeira e Pedro Teixeira

23.9.12

Inglourious Basterds (2009)

Sacanas Sem Lei, Quentin Tarantino


Este capítulo da carreira de Tarantino revela-se como o seu mais requintado projecto. Isto porque se trata de uma confluência abismal (e surreal) de géneros, reinterpretados e reinventados com surpreendente equilíbrio e mestria. Não é ao acaso, por isso, que se privilegiam sobretudo, e como tem de ser, o argumento e a realização, não descurando ainda assim aspectos técnicos, igualmente muito bons.

Ora, por um lado, é nos diálogos, no texto e nas palavras que o cineasta se debruça, se baseia para construir a sua história (a sua visão) e as suas personagens. De facto, este filme é ele próprio um romance, seja pela sua divisão em capítulos, seja na sua dependência (e valência) pelos diálogos, tão preponderantes numa leitura. Por outro lado, é também e em simultâneo, nas imagens que o realizador sustém o filme. É no poder dos planos que a construção, a tensão e os vários níveis do argumento se apoiam. Se num prisma, aquilo que se diz é sintomático dos acontecimentos, do desenvolvimento narrativo, noutro, aquilo que se mostra e como se mostra, denuncia as sensações e as emoções contidas. Tarantino, apesar disso, ainda consegue, com igual eficácia, baralhar e distribuir isto tudo. Tanto está a desenvolver a acção por meio de falas e de respirações, como a seguir conclui o episódio recorrendo a toda uma linguagem imagética, perceptível nos contrastes, nas saturações, nos cortes, nos ângulos e nas profundidades de campo.

Daí que também seja muito uma questão de montagem, de jogo, de arte, de saber quando e como fundir (ou alternar) essa dualidade. Digo alternar, porque por vezes as pausas e a cadência num diálogo ofuscam a visão, ou melhor, retiram protagonismo aos planos e àquilo que estamos a ver. Ouve-se e interpreta-se mais, ao ponto de quase nos cegar, digamos. Todo o diálogo inicial (excelente Christoph Waltz) é exemplo disso mesmo, onde estamos, sobretudo, atentos às falas e aos detalhes.

É, acima de tudo, este poder de nos concentrar, seja pela excelência do argumento, seja pela genialidade da câmera, que Quentin Tarantino se revela portentoso. Aqui talvez mais do que nunca, na medida em que transpira cinema e referências por todos os poros. A influência de Sergio Leone é, pois, clara (sempre e mais uma vez), tal como do género associado - o Western Spaghetti. Aliás o filme, no seu começo, confunde-se com a abertura de muitos filmes do Oeste no seu período áureo. A casa isolada, as paisagens distantes, o silêncio, os olhares, as expressões, etc. Já em Reservoir Dogs isso era notório, com a respectiva cena inicial à volta da mesa. Assim como em Kill Bill, 1 e 2, se denota essa marcante influência, inclusive na banda-sonora. Daí a impressão que Tarantino se vem aprimorando, vem limando as arestas da sua irreverência e ousadia (não necessariamente que os seus trabalhos anteriores sejam inferiores). Espelhada e acabada aqui, neste sublime argumento, que trai a história e a própria realidade, por assim dizer.


De referir ainda a banda-sonora, que está igualmente ao nível dos acontecimentos. E se, muitas vezes, serve apenas como adorno ou complemento, aqui ela assume linguagens próprias, catapultando o resultado final para um patamar ainda mais elevado. É por tudo isto e muito mais, que Inglourious Basterds é um dos melhores filmes do seu ano, e um dos melhores da década, sem sombra de dúvidas. Grandioso.


Jorge Teixeira
classificação: 10/10

15.9.12

Le Charme Discret de la Bourgeoisie (1972)

O Charme Discreto da Burguesia, Luis Buñuel


Grande surpresa. Não porque os filmes de Buñuel predisponham o inverso, antes pelo contrário. O que acontece, ou o que me aconteceu, foi abordar este filme sem qualquer expectativa, e daí que me tenha surpreendido com o resultado final. É tremendamente refrescante, e actual, por incrível que pareça.

Seguimos uns burgueses, amigos, numa constante tentativa inicial de planear um jantar de convívio e de partilha de experiências. Gente de classe social alta, com etiqueta o suficiente para tornar as situações e os diversos imprevistos em algo de caricato, cómico até. De largar genuínas gargalhadas interiores, confesso. À medida que o argumento avança, as sucessivas interrupções entram numa espiral cada vez mais surrealista e entrecruzada, acabando o espectador por deixar-se influenciar (e influenciar?) com o rumo dos acontecimentos.

O estilo, apesar de ser frio, é inventivo e, no mínimo, invulgar (nenhuma cena igual à outra, nenhum piloto automático a funcionar), e os mecanismos de narração (saltitantes), encontram-se atentos à manipulação e controle da cena, da estrutura-base e do espectador. De resto a cara de Buñuelaqui talvez com uma extrapolação e refinamento acima da média. Os actores também estão em grande nível, enigmáticos e excêntricos, mas credíveis, e toda a cenografia, guarda-roupa e demais departamentos adequados à excelência de todo o projecto. Grande grande filme.


Jorge Teixeira
classificação: 9/10

9.9.12

Dracula (1931)

Drácula, Tod Browning e Karl Freund


De 1931, vem uma das melhores adaptações do romance de Bram Stoker. O filme de Tod Browning Karl Freund tem a aura por excelência do conto vampiresco. Está lá tudo, está o ambiente sombrio e premonitório, está a claustrofobia e a contenção, está a imprevisibilidade e a incerteza nas nuances narrativas, e está ainda os calafrios, o desconforto e a cadência tão próprios do género de terror (o qual o filme foi precursor).

E se, à partida, é difícil surpreendermo-nos com o argumento de Dracula, sobretudo hoje em dia (são inúmeras as versões para cinema, televisão e literatura, sem contar com as variações e estilizações à personagem), também é verdade, que este romance é a demonstração viva de que por mais insistências que se tenham sobre um tema e um personagem, quando as pessoas envolvidas no projecto são de qualidade e abordam a matéria-prima original pela essência, o produto faz-se, e com mestria. A prova está, além deste filme de 1931, em décadas futuras, com o Dracula de Francis Ford Coppola, por exemplo. Ou em anos anteriores, de forma não oficialmente assumida, com Nosferatu de Murnau (grandioso e essencial) e mais tarde com Nosferatu the Vampyre de Herzog, entre outros. A fórmula reside, antes de mais, em demonstrar (e conseguir) uma nova abordagem, uma nova forma de contar, re-contar e partilhar, ainda que a história seja repetidamente a mesma. É tudo uma questão pessoal, de perceber como as coisas nos chegam e nos afectam, para seguidamente devolver e saber transmitir essas sensações adquiridas. Todos os exemplos referidos acrescentam algo que ainda não tinha sido explorado ou não tinha sido sequer abordado.

Este Dracula, da década de 30, e portanto dos primórdios do cinema sonoro, não será a melhor adaptação jamais feita deste romance, mas é indiscutivelmente um grande exemplo e mais um grande filme do famoso conto de vampiros, detendo, ainda hoje, uma perspectiva e um ângulo de visão surpreendentemente distintos e assinaláveis, assim como uma aura assaz fantástica (aludindo ao género). Se, então, no argumento e realização já estamos falados, implicitamente, na interpretação de Bela Lugosi temos o carisma intemporal da mítica personagem, que em consonância com a apropriada e mais do que destacável banda sonora, perfazem um conjunto invejável.

"For one who has not lived even a single lifetime, you're a wise man, Van Helsing."
Conde Drácula


Jorge Teixeira
classificação: 8/10

3.9.12

Os 10 Melhores Filmes de 2011


10. We Need to Talk About Kevin (2011)
Temos de Falar Sobre Kevin, Lynne Ramsay

9. Le Gamin au Vélo (2011)
O Miúdo da Bicicleta, Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne

8. Drive (2011)
Drive - Risco Duplo, Nicolas Winding Refn

7. La Piel Que Habito (2011)
A Pele Onde Eu Vivo, Pedro Almodóvar

6. Take Shelter (2011)
Procurem Abrigo, Jeff Nichols

5. Martha Marcy May Marlene (2011)
Sean Durkin

4. The Tree of Life (2011)
A Árvore da Vida, Terrence Malick

3. Shame (2011)
Vergonha, Steve McQueen

2. A Separation (Jodaeiye Nader az Simin) (2011)
Uma Separação, Asghar Farhadi

1. Sangue do Meu Sangue (2011)
João Canijo

por Jorge Teixeira e Pedro Teixeira