As escolhas de:
Os 3 melhores filmes sobre a Coragem:
12 Angry Men (1957)
Doze Homens em Fúria, Sidney Lumet
The Sweet Hereafter (1997)
O Futuro Radioso, Atom Egoyan
Touching the Void (2003)
Touching the Void - Uma História de Sobrevivência, Kevin Macdonald
O melhor realizador a explorar a Coragem:
Sidney Lumet (1924–2011)
"All great work is preparing yourself for the accident to happen."
As escolhas de:
Os 3 filmes que melhor retratam a Coragem:
Alien (1979)
Alien - O 8.º Passageiro, Ridley Scott
Finding Nemo (2003)
À Procura de Nemo, Andrew Stanton e Lee Unkrich
Man on Wire (2008)
Homem no Arame, James Marsh
O realizador que melhor expressa a Coragem:
Sergio Leone (1929–1989)
"Il cinema deve essere spettacolo, è questo che il pubblico vuole. E per me lo spettacolo più bello è quello del mito. Il cinema è mito."
Obrigado, Samuel e Pedro, pelas participações.
Concorda / Identifica-se com estas Posições?
Indentifico-me mais com "Finding Nemo", a segunda escolha com que mais me identifico é "Touching the Void".
ResponderEliminarOra bem, a primeira grande dificuldade que tive foi na definição de coragem, uma vez que pode ser praticamente tudo e encaixar-se em praticamente qualquer filme. Lembrei-me da minha definição preferida de coragem: cobarde é o que foge para trás, corajoso é o que foge para a frente. Mas isto só reforçou o meu problema. Basicamente, coragem é acção, e nada mais do que isso. A única coisa que serviria para classificar a coragem representada nos filmes seriam as motivações para esses actos. A segunda dificuldade, foi escolher se nomearia os filmes pela coragem dentro ou fora do ecrã, ou seja, quando fazer um filme é um acto de coragem e a obra é a punchline. Optei por filmes que não resultassem de um acto de coragem, mas que contivessem exemplos de coragem. Assim sendo, no “Alien” temos a coragem motivada pelo instinto básico de sobrevivência. Ficar ou fugir não são opção, só resta o ataque, a tal fuga para a frente. Em “Finding Nemo” temos a coragem motivada pelo mais egoísta dos sentimentos, o amor. Não agir seria para Martin, confrontar-se com a perda de quem lhe é mais querido e importante, e dá razão de ser à sua própria vida. “Man On Wire” é o caso mais interessante e que, de certa forma, foge a esta regra. A motivação de Phillipe Petit é bem mais difícil de encontrar. Que existe aqui coragem, não há dúvidas, mas ao contrário dos filmes anteriores, não é o perigo que motiva a coragem, e sim a coragem que motiva o perigo. Não é à toa que, quando regressou ao solo, Petit foi submetido a todos os testes psicológicos possíveis. Causou (e continua a causar) estranheza aquele tipo de coragem, que procura o perigo e o risco para dar razão, sentido e satisfação à vida. Leone porque sim, e este argumento certamente bastaria, mas pareceu-me sobretudo apropriado escolher um realizador que ilustrou tão bem uma altura em que a coragem não era questionada nem necessitava de justificação. Sair à rua numa época em que qualquer pessoa andava armada, era um acto de coragem, mas Leone teima em regular e organizar isso nos seus filmes. Para clarificar, se pensarmos nos três personagens do título de “O Bom, O Mau e O Vilão”, conseguimos claramente classificá-los do mais corajoso para o mais cobarde, como o realizador fez aliás no título.
ResponderEliminarResta-me agradecer ao Jorge pelo convite, e colocar-me à disposição para qualquer esclarecimento adicional. Obrigado.
Não há dúvida que Leone era um tipo corajoso já que se atreveu a dar o grande pontapé de saída dos westerns em Itália, quando muitos outros pensavam que isso seria uma parvoíce.
ResponderEliminarAntes da justificação das minhas escolhas, começo por agradecer ao Jorge Teixeira o convite para uma rubrica que se tem revelado - felizmente - heterogénea e reveladora das imensas interpretações que se podem reter do Cinema.
ResponderEliminarComo resposta ao desafio de encontrar um Realizador e Três obras que melhor retratem o tema "Coragem", não foi difícil eleger Sidney Lumet como autor que, na sua longa filmografia, sempre abordou dilemas de cariz social, político, humano e psicológico considerados inconsequentes e/ou de menor preocupação para as sociedades das épocas em que os filmes foram produzidos.
Encontramos nos seus filmes diferentes variações de actos individuais de Coragem: sacríficio pessoal (LÁGRIMAS DA RIBALTA, 1958), o desafio ao "sistema instalado" (SERPICO, 1973), a liberdade de expressão (ESCÂNDALO NA TV, 1976), a traição a convicções íntimas (O VEREDICTO, 1982) ou, até, reflexões sobre a própria cobardia (ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE MORRESTE, 2007).
De Lumet, destaca-se obrigatoriamente 12 HOMENS EM FÚRIA. O seu primeiro filme, de vincado cariz social e centrado na figura de um jurado que assume a coragem de desafiar a opinião dos seus onze colegas na avaliação de um julgamento que "parecia fechado à partida".
Outro tipo de coragem pode ser observado num dos melhores filmes dos anos 90. No seio de uma comunidade em luto, e acossada por um advogado ambicioso que pretende lucrar (financeira e socialmente) com uma recente tragédia, O FUTURO RADIOSO revela não só a capacidade humana para reagir, bem ou mal, ao desgosto profundo, como também é exemplo da determinação em contrariar a busca por uma solução fácil e breve para a dor. O "futuro incerto" tratará de sarar todas as feridas... (Talvez não por acaso, a banda sonora do filme contém um tema entitulado Courage).
Por fim, TOUCHING THE VOID é, como indica o título em português, uma pura "história de sobrevivência". Mesclando a ficção e o cinema documental, e com as inóspitas paisagens dos Andes como cenário, somos confrontados com um episódio de arrojo humano em que (sobre)viver é a mais corajosa das decisões.
As escolhas poderiam ter sido outras. Para já, são estas.
Obrigado, Jorge.
FREDERICO DANIEL, Do que conheço, gosto bastante desta selecção com Finding Nemo incluído.
ResponderEliminarPEDRO AFONSO, Antes de mais, obrigado pela colaboração :). Em relação às tuas escolhas, exceptuando Man on Wire que ainda não vi, parecem-me mais do que adequadas, grandes exemplos dentro do tema, e sendo este tão disperso e tão complexo como bem dizes no início da reflexão (esta aliás muito aprazível). Sergio Leone, por seu lado, é uma escolha tremenda, no sentido em que lhe reconheço coragem dentro e fora dos ecrãs, e coragem sob contornos irrealistas por vezes, o que só demonstra a sua versatilidade e o seu jeito fora do normal nesta arte.
EMANUEL NETO, Sem dúvida, Leone foi um cineasta corajoso, por essa e outras razões mais concretas do seu cinema.
SAMUEL ANDRADE, Nós é que agradecemos, mais uma vez, a disponibilidade e a colaboração. De facto, a iniciativa tem-se revelado heterogénea e diversificada, felizmente como dizes, sendo que esse sempre foi um dos objectivos ou, enfim, uma das esperanças, que ainda assim era expectável, não fossemos estar perante uma arte, e uma área, por demais emotiva e fracturante. Relativamente à escolha por Sidney Lumet, não poderia estar mais de acordo, num autor que basta a listagem de todos esses filmes que referencias para constatarmos de imediato a coragem em retratar problemáticas controversas e socialmente precipitantes. Totalmente de acordo, tal como intrinsecamente com 12 Angry Men (filme que adoro, por sinal). Por outro lado, ainda não vi os outros dois filmes que destacas. Ficam, como é óbvio, como referências.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
Jorge, aconselho-te vivamente o "Man On Wire", por várias razões: é um grande filme, um documentário tremendo e uma ode à arte, e por se encaixar tão bem no tema a todos os nivéis. De todas as minhas escolhas foi a que mais satisfação me deu, por me ter lembrado dele (basicamente percorri as estantes dos DVD's com o olhar e ele lá estava). E é aquele filme em que a coragem não se explica, sente-se, e é tão abstracta e surreal que impressiona. Quem não viu este filme, não o perca. Só por isso já valeu a minha participação. Abraços.
ResponderEliminarPEDRO AFONSO, Recomendação registada e já inserida na lista para ver o mais rápido possível :). Obrigado pela sugestão, que é, no fundo, um dos principais, senão o principal, objectivo desta iniciativa.
ResponderEliminarCumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo