Psico, Alfred Hitchcock
Rodam as personagens (e rodamos nós com o rumo dos acontecimentos), e a imprevisibilidade está lá outra vez, incisiva, poderosa e fracturante. Trata-se de um filme de terror, e ao contrário do que possa parecer, o preto e branco reforça-lhe esse estatuto. A ausência de cor e ao mesmo tempo a sugestão frequente dela mesma (a icónica cena do "duche" é um exemplo, com todo o sangue a ser mais sugerido e interiorizado do que propriamente mostrado), confere a todo o ambiente e ao enredo o ritmo pulsante próprio do género. Reflectido, por sua vez, em última (e primeira) análise na destreza da montagem, na excelente banda-sonora, e na força das várias interpretações, todas elas destacáveis.
Por um instante esquecemo-nos ou distraímo-nos (imersos que estamos), e lá está outra vez a mestria a funcionar, aquele movimento de câmera (a nossa visão, a visão de Hitchcock) estonteante, criativo, e eficaz acima de tudo. Alguns enquadramentos são igualmente dignos de profunda admiração. Destaco um, aquele que, porventura, será o mais famoso e simbólico até hoje - o plano final com o "revelado" ou "enigmático" Norman Bates. Fabuloso, a rematar toda uma experiência, no mínimo, recompensadora. Enfim, dizer mais será sempre pouco, um filme para ver e rever.
Imagino, porque só posso imaginar, o fascínio que o filme deve ter provocado às pessoas que o visionaram a quando da sua estreia. Um verdadeiro privilégio, não só por ser um clássico e um marco nos dias de hoje, mas também no que toca à sensação única de abarcar todo o suspense pela primeira vez. Suspense e tensão, porque realmente, são a matéria-prima aqui. Mais do que nunca, é desarmante, esse sentimento de impotência e total descontrole do que acontece, do que se sente, ao ponto de não se saber, por meio de nenhum artifício (banda-sonora, continuidades, lógicas, etc.), para onde a história se vai desenvolver a seguir. Não que isso aconteça sempre (a narração existe e o desenvolvimento das personagens também), o facto é que nada é ao acaso, nada é fortuito e por isso previsível e aborrecido.
Rodam as personagens (e rodamos nós com o rumo dos acontecimentos), e a imprevisibilidade está lá outra vez, incisiva, poderosa e fracturante. Trata-se de um filme de terror, e ao contrário do que possa parecer, o preto e branco reforça-lhe esse estatuto. A ausência de cor e ao mesmo tempo a sugestão frequente dela mesma (a icónica cena do "duche" é um exemplo, com todo o sangue a ser mais sugerido e interiorizado do que propriamente mostrado), confere a todo o ambiente e ao enredo o ritmo pulsante próprio do género. Reflectido, por sua vez, em última (e primeira) análise na destreza da montagem, na excelente banda-sonora, e na força das várias interpretações, todas elas destacáveis.
Puro suspense. Mesclam-se nele, indistintamente, mistério, tensão e arrepio. Muito bom filme, sem dúvida.
ResponderEliminarhttp://www.cineroad.net/2012/01/psycho-1960.html
Roberto Simões
CINEROAD.net
ResponderEliminarAinda cá não tinha vindo comentar, mas tendo andado a falar de Hitchcock nos últimos dias e depois de voltar a ver VERTIGO por causa da lista da Sight and Sound... Tinha que cá vir parar.
PSYCHO é, para mim, o mais completo, mais deslumbrante, mais enriquecedor trabalho de Hitchcock. É um mau serviço prestado sempre que alguém se refere a ele como o maior exemplo de um filme de terror/suspense porque isso nem sequer descreve 10% do que faz este filme ser tão bom.
Concordo com o que tu escreveste. E ser um dos que se sentou nas salas de cinema em 1960 para visionar esta obra-prima pela primeira vez... We wish!
Vá cumprimentos!
Jorge Rodrigues
Poderosíssimo. Parabéns pelo blog, muito bom este espaço!
ResponderEliminarhttp://onarradorsubjectivo.blogspot.pt/
ROBERTO SIMÕES, Puro suspense, sem dúvida. Até ás raízes, diria, nunca o suspense e a tensão foram tão bem arquitectadas. Isto para além, de tudo o mais que Psycho tem para nos oferecer.
ResponderEliminarJORGE RODRIGUES, I wish, definitely! Concordo que Psycho tem muito mais qualidade que, meramente dizer - um grande filme de suspense. Existem no filme nuances, planos e construção de personagens muito bons, como poucos o têm. Então aquela audácia de nos retirar a protagonista a meio do filme, é de uma coisa...O Mestre no seu melhor, na minha opinião, pelo que estamos inteiramente em sintonia.
O NARRADOR SUBJECTIVO, Poder será, com certeza, um atributo que o filme tem, talvez mesmo o que mais identifica toda a experiência. Obrigado, conto com a tua presença.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
Adoro este filme. É, como tu dizes, sempre pouco o muito que se diz sobre ele. Dos melhores de Hitchcock e dos melhores de sempre!
ResponderEliminarAbraço
Frank and Hall's Stuff
BRUNO CUNHA, Sem dúvida. Dos melhores filmes que o Mestre e a Sétima Arte nos ofereceu. Volta sempre!
ResponderEliminarCumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
Um dos melhores filmes desta lenda do cinema e um dos maiores clássico do cinema de Terror, imperdível para qualquer fã do género.
ResponderEliminarCumprimentos
Paulo Saraiva
É um filme de culto, indiscutivelmente! Hitchcock é dos melhores visionários de todos os tempos!
ResponderEliminarSarah
Http://depoisdocinema.blogspot.pt
Ainda que não seja o meu filme de eleição do Mestre, é um filme que guardo com muita estima. É, ainda nos dias de hoje, impressionante e um daqueles filmes que simplesmente não nos deixa desviar a atenção dele. É soberbo. Muito bom :)
ResponderEliminarC7NE, Completamente de acordo. Se há filme que marca um género e um realizador, esse filme é Psycho (ainda que Hitchcock tenha outras obras tão ou melhores que esta).
ResponderEliminarSARAH, Hitchcock pode não ter sido muitas vezes amado na sua época, algo controverso e talvez demasiado meticuloso e perfeccionista com os seus filmes, mas ainda bem que o foi, a ver pela "matéria-prima" que nos deixou e que influenciou tanto cineasta. Anos mais tarde, e a cada dia que passa, a sua obra tem falado por si, e os seus filmes são cada vez mais estudados e referenciados um pouco por todo o lado.
NUN0B., É, ainda hoje, o meu filme de eleição do Mestre, o que não quer dizer que não mude, estas coisas variam muito, sobretudo após revisões. Actualmente é Psycho. Um filme que, de facto, não nos larga assim que o começamos a ver.
Obrigado pelos comentários. Voltem sempre!
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo