Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo (1966), Sergio Leone
Um das melhores cenas que já assisti – estratégica e exímia no detalhe e na tensão exteriorizada. A cena diz respeito ao duelo final do filme The Good, The Bad and the Ugly (título inglês), numa típica conclusão da fábula, mas atípica na forma como brinca e explora o ritmo narrativo e musical da mesma. O modo como alterna momentos de silêncio com a música 'lá em cima', como balança do close-up à panorâmica, ou como divide o espaço e o tempo entre os três protagonistas, é absolutamente divinal. É tanto capaz de nos transportar à exaltação e à catarse, quanto à concentração e ao desfruto de pormenores de um filme todo ele genial. O contributo de Ennio Morricone é decisivo para o bailado e para a sinfonia que desfila diante de nós numa clara simbiose entre o que vemos e o que ouvimos, entre música e imagem. Mas a própria edição de som (até no silêncio total) é deliciosa, definidora também da tensão e da construção deste clímax.
Sergio Leone é o génio por detrás das câmaras, é o artífice que manipula os estereótipos (o Bom, o Mau e o Vilão nem sempre reflectem as acções dos homónimos personagens, havendo como que uma mistura constante entre eles, bem visível neste caso através das expressões faciais) e as dinâmicas imprimidas no ritmo e na edificação, passo a passo, da montagem de toda a cena.
Pela antecipação, pelo trabalho, pela substância e por tamanha qualidade em diversos departamentos, tenho poucas dúvidas de que este é um dos climaxes mais bem planeados e executados de sempre. Daqueles momentos onde a arte se confunde com o entretenimento, ou melhor, onde a arte é assimilada por inteiro e por todos.
Texto originalmente publicado no ciclo 'Western Spaghetti' do blogue My One Thousand Movies
Mais uma vez, muito obrigado Jorge :)
ResponderEliminarO melhor trielo jamais filmado num western.
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Pedro Pereira
http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://destilo-odio.tumblr.com/
MY ONE THOUSAND MOVIES, Obrigado eu pelo convite e pela oportunidade em escrever num espaço tão culto e tão mítico como o MOTM, e numa iniciativa que muito me agrada :)
ResponderEliminarPEDRO PEREIRA, Provavelmente, uma tripla como poucas vezes o cinema nos ofereceu, que perfazem esta cena divinal, entre tantas outras.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
Um momento genialmente tenso. E interessante o que referes, acerca dos seus arquétipos (bom, mau e vilão) se misturarem e acabarem por cair por terra nestes minutos. Não podia estar mais de acordo.
ResponderEliminarCumprimentos,
Rafael Santos
Memento mori
RAFAEL SANTOS, Esses arquétipos que se misturam revelam-se cada vez mais e melhor a cada nova visualização. É um pormenor bastante interessante, que dá ao filme um certo humanismo que aprecio.
ResponderEliminarCumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo